Sua vista estava turva, os fiapos de luz que sutilmente tocavam seus olhos eram como esfumaçadas auréolas azuis. Lembrou-se das nuvens, da calmaria que mostravam enquanto empurravam o céu manso. Estava calmo agora, os membros estendidos, absolvidos, era quase uma nuvem, seus pensamentos cheiravam a nuvem, sopravam. Achou-se suspenso, não mais a céu aberto como antes, já não caia, agora era como se almofadas o pressionassem de todos os lados e por não ter por onde esvaziar-se, por não ter opção alguma, estava suspenso.
Afrouxou de leve a boca e foi bem aí que alguma coisa entrou, alguma coisa sagaz, de inicio com toque de lingua, mas depois com rudez de unha invadiu com violencia brutal a garganta indefesa, e iria mais fundo senão fosse algo lá dentro, lá do mais profundo escuro, da carne mais abissal, de onde vem a força de viver sem saber. De lá do fundo veio um trovão que tremeu e se contorceu com ainda mais violencia pra expulsar de vez o invasor.
De subito sem dar-se conta alcançou a superficie, já não estava mais suspenso e era forçoso se manter, pesava como ferro. Não só ele como as nuvens.
Chovia como o inferno
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Capitão do ato
Era forte e seguro, estava mais pra muro do que pra tambor e seu tamanho era exatamente o mesmo daquele chiado abafado que vem dos radinhos de mão onde os mais antigos costumam ouvir suas partidas de futebol. Mas tudo isso pequeno fica se comparado com os olhos daquele sacripanta, ahhhh seus olhos buscam longe, vai até lugares que nunca lá estiveram de fato e ancora ali suas unhas de barro e como todo bom caçador, em um belo cortejo, põe por agua a baixo a virgindade ilhada daquele não-lugar. TERRA FIRME!
Porem, por hoje, o capitão está morto.
Ninguem o viu
Ninguem sabe porque
Talvez Ninguem também esteja morto.
Porem, por hoje, o capitão está morto.
Ninguem o viu
Ninguem sabe porque
Talvez Ninguem também esteja morto.
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